
Ao primeiro olhar o quarto pode parecer pouco convidativo, confuso, sem padrão de organização. Mas o que é um padrão de organização senão o fato da gente gostar do jeito da nossa própria desordem. Bem ao lado da porta, logo ao entrar, há uma penteadeira com um enorme espelho a desafiar quem entra a olhar para si mesmo. O rack da TV e DVD, todos com uma grande folha corrida, seguem com seus préstimos a exibir constantemente séries cômicas variadas colorindo o quarto. Em outras épocas estavam sempre sintonizados em sizudos jornais que fechavam um pouco o ambiente. O armário sempre tem uma ou mais portas abertas, expondo seu interior um pouco a quem chega. Roupas, livros, bolsas, vídeos, sapatos e badulaques. A nova/velha cama lembrando que oportunidades e sonhos por vezes podem ser aproveitados se um pouco adaptados. E sempre com um edredon casualmente desarrumado por cima nos lembra onde fica a "Pedra do Rei". Sua escrivaninha com o computador, CDs, DVDs, livros, contas, lembretes de afazeres domésticos, post its com assuntos de trabalho, fotos, cartões postais, correspondências antigas, vários lápis vermelhos, uma grande edição sobre a vida e obra de Dali evidencia parte de sua complexidade. O vaso de flores desenhado a giz de cera na parede, em um ato que beira a liberdade infantil, colocado ao lado de sua janela com grades. Uma bandeja que recolhe a água que teima em pingar e desníveis no assoalho simbolizam o inexorável passar do tempo. Passar de quartos. Quarto que tinha um aquário, muitas vezes vazio(a). Quarto que tinha um belo móvel com som moderno, TV grande e DVD - independente. Quarto azul com a moça do violino presa na parede e um futon improvisado, dolorida fuga. Quarto de agora, memória viva de sua vivência. Quarto que nos faz sentir em casa no mais acolhedor sentido da palavra.
quarto acolhedor só se sente preenchido pelo amor em seu estado mais puro: amor de irmão.
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