A diferença entre 31 de dezembro e 01 de janeiro é a esperança.
Blog com poesias, textos e pequenas peças, além de fotografias e figuras realizadas ou trabalhadas pelo autor.
quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
sexta-feira, 26 de dezembro de 2014
quarta-feira, 24 de dezembro de 2014
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
A vida tem várias versões
Uma lembrança nunca reproduz de forma exata o que aconteceu. Existe o evento do qual se recorda e, no meio, a maneira como a pessoa que lembra vivenciou aquela experiência e suas interpretações, além dos vazios formados pelo tempo que vão sendo preenchidos pelas novas vivências, interpretações e sentimentos que temos ao relembrarmos daquela memória em fases diferentes da vida.
segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Ninguém morre às 4:17?

A continuidade da vida assusta por nos apresentar situações controversas e complexas, muito mais difíceis de julgar, opinar ou decidir.
Bem vindo a vida adulta.
domingo, 30 de novembro de 2014
Cenas da vida - corredor do supermercado
- ...mas acabou que eu precisei estudar e a gente foi reduzindo o tempo de ensaios até que a banda acabou. Depois eu fui aos poucos parando de tocar e já se vão cinco anos que não pego o violão. Não sei, faz falta mas eu não consigo. Enfim, comecei a pintar, fiz um quadro baseado num sonho que tive e outro que dei pro vizinho, agora não estou pintando mais, sabe como é, falta de tempo. Mas vinha escrevendo regularmente no blog e depois nessa atribulação toda acabei parando, mas tenho vários textos que quero publicar, falta só sentar e fazer e...porque estou falando isso mesmo?
- Eu disse "como vai?"
domingo, 28 de setembro de 2014
sábado, 27 de setembro de 2014
Diário da balança # 12: 114 (+1)
Fui pesar e quebrei minha balança do banheiro. Tive de sair e procurar alternativas...
Alexandre, o graaaaaaaaande.
sexta-feira, 26 de setembro de 2014
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Sacolão
Osvaldo
tinha 42 anos e havia acabado de se separar da esposa. Nunca antes precisou
cuidar de afazeres de casa. Primeiro a mãe, depois a esposa se encarregaram
disso. Funcionário de um banco, zagueiro firme nas peladas e possuidor de
opiniões firmes sobre financiamento estatal a ONG´s, agora era apenas um homem
de meia idade perdido no corredor de frutas do supermercado confuso com duas
laranjas na mão sem saber o que fazer depois. Foi quando Helena ficou com pena
dele e veio em seu socorro.
-
Precisa de ajuda?
Ainda
um tanto perplexo ele demorou um pouco para responder. Em parte por se assustar
com a beleza de Helena. Mas também por ainda estar intrigado com o mistério em
suas mãos.
-
Como eu sei se a laranja está boa?
- Se
a casca tiver lisa e a laranja firme ela vai dar muito suco.
Era
um acontecimento inédito para Osvaldo. Ser abordado por uma bela mulher dessa
maneira. E melhor ainda - o ajudando em uma atividade
doméstica. Ela escolheu as laranjas e se ofereceu a continuarem as compras
juntos.
- As
folhas que estão amareladas, com pequenos furos e pontas queimadas estão
ruins.
Foram
conversando coisas sobre onde nasceram, qual faculdade frequentaram e até
descobriram algo em comum: filmes do Woody Allen e peteca. Uma pequena tensão
sexual foi crescendo entre eles e se tornou óbvia após a sugestão de Helena na
sessão de temperos.
-
Malagueta pra esquentar as coisas - era meu apelido na escola...
E
então não parou mais.
- Tem
que palpar os melões e sentir eles bem firmes.
-
Quando você passa a unha de leve no pêssego sente os pelinhos e o cheiro bom.
- A
cenoura tem que ser firme, com a superfície lisa e as médias são as
melhores.
Nessa hora ele teve certeza - Helena estava no ponto.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Terceira Convenção de Genebra ou um relato de sobrevivência
Fade in. Interior de uma livraria moderna, dessas que tem cafeteria e tudo. Uma pequena aglomeração de pessoas aguarda pelo início da sessão de autógrafos. É uma noite temática. Livros escritos ou sobre mártires de diferentes épocas. Biografias de Gandhi, Mandela e Tiradentes aguardam autógrafos. Em um dos stands assino na contra capa do livro sobre minha sobrevivência a tortura durante a última consulta odontológica. É quando acordo suado em minha cama no meio da madrugada. Foi apenas um sonho? Para me certificar passo a língua na gengiva que ainda acusa o golpe.
***
Já fazia um tempo que não visitava o dentista. As coisas iam razoavelmente bem então fui postergando. Um discreto desvio em um dente incisivo pode ter seu charme. Ou pelo menos facilitar o reconhecimento após um acidente de avião. Mas as coisas começaram a mudar quando meus dentes começaram a apresentar muita sensibilidade a alimentos frios e mais consistentes. Depois aos quentes. E, finalmente, a qualquer coisa que colocasse na boca - certa vez acho que até um pouco de saliva fez meu incisivo lateral doer, numa adaptação ao "só dói quando respiro". Resisti bravamente, lidar com a dor nos torna mais tolerantes e estava precisando começar um regime e comer menos mesmo. Até que não teve jeito e a despeito de meus argumentos minha esposa Brígida agendou uma consulta.
***
Evitava pensar na futura consulta. Tal como fazemos com a morte. Até que o fatídico dia se apresentou. Talvez quase tão ruim quanto o dia da consulta foi a véspera. Ansioso, observava as janelas e traçava rotas de fuga. Cheguei a subornar a secretária do dentista para que ela tirasse fotos do consultório para estudar melhor o adversário. Não deu certo. A noite Brígida disse que iria comigo pela manhã e discretamente guardou as chaves do meu carro e minha carteira em sua bolsa. Não consegui dormir durante a madrugada e pensei em fugir a pé. Quem sabe conseguir uma carona com um caminhoneiro e deixar o país pelo pantanal. Mas ao menor rangido da cama quando fui levantar ela acordou e disse # Vamos começar a nos aprontar!
***
O consultório não era amedrontador. Devo confessar que o conhecimento prévio por meio das fotos ajudou no autocontrole. Sei que todas aquelas fotos de gente feliz com dentes brancos e retos além dos quadros de uma bucólica natureza na verdade não passam de um disfarce e... a dentista chama meu nome com um sorriso no rosto dizendo # Bom dia Eric. Vamos começar? - como todo bom torturador do DOPS. Me levantei e entrei no consultório. Ouvi a porta batendo e continuei andando. # Onde você vai? (ia em direção a janela - 5 andares nem é tão alto). É melhor sentar aqui na cadeira. Mas ao sentar não me senti nada melhor. Pelo contrário. Era como se estivesse sentado em uma cadeira elétrica, só esperando ligarem a energia. O babador me sufocava. E a tortura começou com um jato de água areiante nos dentes e o troço de sugar pegando na bochecha. Senti que ia vomitar mas resisti. Achei que estava indo até bem quando ela pegou uma pequena britadeira e começou a demolir minhas gengivas. A cada estocada subia um pouco na cadeira até que em certo momento estava pendurado no encosto da cabeça como um papagaio de pirata. Tentava em vão defender minhas gengivas com a língua que ficou em carne viva. O sugador tinha dificuldade de drenar minha saliva engrossada pelo sangue. Tentava resistir e lutar mas a perda de sangue foi me enfraquecendo e quando ela começou a arranhar meus dentes com aquele ganchinho já não oferecia resistência. Estava entregue ao seu sadismo.
***
Isso agora já é parte do passado. Já houve a anistia e torturados e torturadores convivem na mesma sociedade. Penso no Eduardo Moscóvis para interpretar meu papel no cinema.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
Diário da balança # 11: = 113
Se você tivesse visto minha barriga ultimamente não convidaria minha fome.
Alexandre, o graaaaaaaaande.
sábado, 5 de abril de 2014
sexta-feira, 14 de março de 2014
Notícias populares
"Tensão crescente no leste europeu. Tártaros organizaram uma manifestação contra o uso de força excessiva durante a escovação, limpezas periódicas e os cremes dentais com 12 horas de proteção e efeito antitártaro."
Por Salvador Patranha para o Diário da InVerdade
segunda-feira, 10 de março de 2014
O que aconteceria comigo se...
...eu cantasse em meu carro enquanto estivesse dirigindo.
É uma bela tarde de domingo. O sol brilha no céu sem nuvens. A avenida está livre, não há trânsito. Abro a janela e sinto o vento refrescante em meu rosto. No rádio toca uma bela canção. Começo a cantar acompanhando a música. De repente uma pena de pássaro entra pela janela e vai direto para minha boca. Sufocando, perco controle da direção e saio da pista.
domingo, 9 de março de 2014
sexta-feira, 31 de janeiro de 2014
Cenas da vida - fast-food
- Deixou a alface acabar de novo Wesley!
- Você que falou que ia pega lá dentro!
- Viu a discussão dos dois na nossa frente amor?
- Um exemplo clássico da deterioração das relações humanas interpessoais, típica dos que não receberam a quantidade ideal de ácidos graxos poliinsaturados dos 0 aos 2 anos de vida, impossibilitando o desenvolvimento cognitivo em seu pleno potencial.
- Trocando em miúdos: falta de educação mesmo.
- Um exemplo clássico da deterioração das relações humanas interpessoais, típica dos que não receberam a quantidade ideal de ácidos graxos poliinsaturados dos 0 aos 2 anos de vida, impossibilitando o desenvolvimento cognitivo em seu pleno potencial.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
Sinal dos tempos
Há alguns anos nos diziam para ler o manual antes de usar um aparelho. Agora pedem quase por favor para ao menos olharmos a sessão início no manual. Daqui a pouco as empresas vão ter que deixar um depoimento com as instruções no mural do consumidor no Facebook. Ou enviar por Whatsapp.
domingo, 19 de janeiro de 2014
Sobre doenças e peraltice
A mãe de Adolfinho estava muito preocupada com o filho. Achava que ele estava doente. Desde a manhã o menino estava com a urina azul. Não queixou de dor, não ficou mais abatido e achou atraente a ideia de faltar a aula. Ela queria ver de perto se ele iria continuar urinando azul e se ficaria mais adoentado que pela manhã. Entretanto embora mantivesse sua urina azul celeste o garoto não dava outros sinais de estar doente. Controlando seus instintos ela preferiu observar mais um pouco antes de correr para o médico. Mas nem soterrada em Maracujina₢ ela resistiria quando na próxima manhã a urina do seu filho se manteve azul da cor do mar. No consultório foram 40 minutos de um entrevista minuciosa e sem maiores detalhes de como a criança estava com a urina azul e mais 10 minutos de um exame físico que só mostrou alteração nas pequenas gotas azuis na cueca do Batman₢. Como estava bem o médico acalmou a mãe e decidiu observar por mais alguns dias. Ao fechar a porta do consultório notou que suas violetas estavam sem flores e com marcas de dentes nas folhas.
sábado, 18 de janeiro de 2014
Casa velha, em ruínas
Da distância que estávamos, só era possível distinguir dentre o verde pedaços soltos de telhas já amarelas que pareciam flutuar sobre a vegetação que cercara a casa. Com dificuldade tentamos nos aproximar mais alguns metros, mas as plantas daninhas que ali moravam pareciam ter vida própria e uma vontade de aprisionar com seus galhos e folhas tudo que se aproximasse delas. Tentamos a foice. E a luta foi lenta e árdua, o verde resistindo aos golpes que cortavam sua vida, mas conseguimos. Não havia mais porta: apenas uma placa de madeira inclinada na parede onde estava telhado o nome daquele engenho. Quase não havia parede, só tijolos que ainda sobreviviam mas que, como o resto, cedo virariam pó. A escuridão nos impedia de continuar. Tivemos de quebrar as telhas que ainda estavam penduradas no alto, para que fosse possível a entrada da luz do sol que não brilharia por mais tempo. No chão de madeira as ervas já começavam a surgir. Não havia móveis ou qualquer objeto que indicasse que havido gente morando naquela casa no passado. Nem animais. Só o verde, intruso e vitorioso. Em um dos quartos encontramos livros jogados no chão, uma cadeira, uma mesa e um copo de vidro quebrado. E também um retrato torto, pendurado na parede torta, cheirando a mofo e a pó, a única indicação do passado naquela casa. O resto era ruínas que, por contradição, não lembravam o passado e sim a decadência atual. Começou a escurecer e tivemos de voltar. E o verde, silencioso, seguiu em sua marcha lenta, para cima e para os lados, até fazer o velho engenho morto submergir de vez.
"Renato Russo"
domingo, 5 de janeiro de 2014
Classificados
Vende-se caixão semi-novo, usado por apenas 4 horas no velório antes da cremação. Tratar com o dono.
quinta-feira, 2 de janeiro de 2014
Paralelo
Acidente automobilístico, vítima fatal na cena, condutor vítima de traumas múltiplos com fratura de fêmur, pelve e zigomático esquerdo, tatuagem traumática em andar superior do abdome, glasgow 13 ao primeiro atendimento.
Estava tudo bem mas caí em um buraco na estrada. Olho em volta e vejo minha namorada que não me responde. Tento tocá-la mas uma intensa dor na barriga não me deixa mover. Não sei quanto tempo depois chegou alguém me perguntando coisas em uma velocidade muito rápida, não conseguia responder a tudo.
Taquicardia, hipotensão, perfusão inadequada, iniciada infusão de cristalóides. Realizada imobilização em prancha rígida. Feito contato com o HPS para transferir o paciente.
Minha cabeça está leve e sinto a todo momento que estou quase desmaiando. Não consigo mexer mas ao menos dói menos o corpo e a barriga. Alguém falou alguma coisa sobre um hospital.
A admissão manteve quadro hemodinâmico estabilizado após infusão de 2000ml de cristalóides, FAST com liquido livre no abdome, TC de abdome com lesão esplênica grau III e hepática grau IV, TCC com fratura temporal e HSAT leve. Optado por conduta expectante, infusão de concentrado de hemácias, monitorizado com PiA e sonda vesical de demora, aguarda vaga no CTI.
Não sei onde estou, fico tonto olhando as lâmpadas passando na minha frente. Quando finalmente pararam ouvia ao meu lado gemidos e gritos. Conversaram comigo mas não consegui entender bem. Passaram um trem na minha barriga e apertaram, me colocaram em um tubo sufocante e depois me espetaram várias vezes e enfiaram uma borracha ardida em mim. Tento conversar mas ninguém me responde.
Após admissão no CTI os índices hematimétricos seguem em queda, com necessidade de nova hemotransfusão, infusão de volume e inicio de noradrenalina. Solicitada reavaliação da cirurgia que mantém conduta expectante. Evolui com rebaixamento do sensório sendo realizada intubação orotraqueal em sequência rápida. A despeito da reposição volêmica ocorre acidose metabólica láctica e disfunção de múltiplos órgãos.
Cada vez a sensação de desmaio fica maior, minha mente parece um borrão, não penso direito, a respiração fica mais rápida e pesada. De repente me deitam e vejo apenas os olhos azuis que me olham de cima dentro dos meus olhos. Devagar aquele azul me envolve e me leva.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
Desejar ser
"O maior apetite do homem é
desejar ser. Se os olhos vêem
com amor o que não é, tem ser."
Padre Antônio Vieira
desejar ser. Se os olhos vêem
com amor o que não é, tem ser."
Padre Antônio Vieira
Assinar:
Postagens (Atom)