domingo, 29 de abril de 2012

O que aconteceria comigo se...

...após muitos anos resolvesse finalmente comer salada.
   Depois de anos com uma dieta a base de carnes e produtos de origem animal, sentindo o peso da idade que chega e a responsabilidade de dar exemplo, me renderia enchendo o prato de salada no almoço. No início estranharia a textura das verduras e legumes frescos mas aos poucos me acostumaria. Até sentir como se algo estourasse na boca, seguido por um gosto levemente azedo. E ao olhar para o prato identificaria algo mexendo ao lado da alface.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Sobre atores e doces

   Os pais de Adolfinho haviam sido convidados para uma festa  de aniversário no interior. Após discutirem se iriam ou não, passaram a discutir se levariam o filho ou não. Optaram por levá-lo. Malas prontas, recomendações de comportamento feitas, pé na estrada. Ao chegarem na cidade estavam adiantados para a festa e passearam um pouco. Adolfinho corria por entre os bancos das praças, subia nos brinquedos e monumentos que havia lá. Passadas algumas horas se dirigiram até a festa que seria na casa do anfitrião - mesmo porque já não havia mais o que fazer na cidade. Lá chegando a festa ainda se encontrava em seus preparativos finais. Eles fizeram um tour pela casa e Adolfinho já não se mostrava tão animado e obedecia as ordens de se comportar bem. Entretanto o último cômodo da casa guardava uma visão deslumbrante para ele: como o  Didi reaparecendo por debaixo dos escombros e poeira no final de um filme dos trapalhões ele vislumbrou extasiado sobre uma mesa TODOS os doces feitos para a festa.
  É claro que após aquela porta ter se fechado atrás dele Adolfinho não conseguia pensar em mais nada a não ser em como retornar a sua Terra Prometida. Todos se dirigiram até a sala onde começaram a colocar a conversa em dia e, ao lado dos pais, ele se sentia no purgatório, e com Cérbero ao lado, vigiando e lembrando de que ainda existiam lugares piores. Até tentou distrair sua mente brincando com um boneco do He-Man mas a qualquer menção de movimento que o garoto fazia um olhar era desferido em sua direção relembrando qual era o comportamento esperado. Depois de algum tempo, frustrado, ele teve uma idéia que de tão simples havia lhe escapado: pediu para ir ao banheiro. Permissão concedida, agora já sentia os perfumes do Éden.
   Entrou na sala e não acendeu a luz. Com cuidado fechou a porta atrás de si e começou a comer os doces. Tomava o cuidado de ir comendo em pontos distantes uns dos outros e rearranjando os doces após retirar as forminhas vazias. E deleitou-se com os doces e com seu plano audacioso. Até quando estava com a boca cheia com dois brigadeiros e ouviu passos em direção a porta vindos do corredor. Num rápido giro retirou seu boneco do bolso e deitou-se no chão com os olhos fechados, fingindo dormir. A porta se abriu e ele ouviu a voz do dono da casa avisar seus pais que o havia encontrado dormindo no quarto, que devia ter entrado lá para brincar e acabara por cair no sono. Enquanto era carregado pelo pai até outro quarto para ser colocado em uma cama apreciou seu pensamento rápido novamente. Na cama com a luz apagada, pensou que deveria aguardar um tempo antes de "acordar" para comer mais quindins e bombons. Acabou por dormir de cansaço e não pode comer mais doces naquele dia. 

terça-feira, 17 de abril de 2012

Sob o brilho do Prata

Suas idéias eram antes vistas por si mesma como subversivas e, encaixotadas, empoeiravam nos armários da cabeça que se desorganizava. Não houve química, palavra ou ação que as libertassem por muito tempo. Mas pouco a pouco foram sendo lustradas e exibidas nas prateleiras dos armários, ainda não para serem vividas, só observadas. Hoje elas já foram promovidas e são experimentadas no outono do rio Prata.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sobre organização e TOC

Sempre existia um jeito de fazer as coisas. Da organização com carrinhos ao manuseio das revistas em quadrinhos. Até na forma com que tomava banho. E por vezes, quando tudo já estava organizado, montava listas e organizava bandeiras dos países. Até treinou pintinhos que havia ganhado a andar em fila. CD's em ordem, talheres em ordem, livros em ordem, sinais de ordem em ordem, a cabeça nem tanto.

A opressão do self

Espero que a Karina não tenha esquecido seu lanchinho Foi preparado com amor e carinho Nesse cotidiano cada vez mais mesquinho É preciso um ...