sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Sobre traquinagens e roupas limpas

     Os pais de Adolfinho estavam com um problema: o filho havia aprendido a ajudar nos serviços domésticos. Começou no dia em que ele deixou cair suco na mesa e rapidamente limpou com o guardanapo, mais por medo da repreensão do que por qualquer outro motivo. De qualquer forma, o ato foi interpretado como uma visível evidência de maturidade da criança, e lhe rendeu vários elogios além de um passeio a sorveteria.
     A partir de então ele se tornou preocupado com a organização e limpeza da casa, obviamente para ganhar mais agrados. Alguns dias depois, após vários talheres com restos de comida serem encontrados na gaveta, terem recolhido um saco de ração de cachorro espalhado pelo chão, catar os cacos dos vários enfeites quebrados ao retirar poeira e tomar uma refrescante limonada preparada com água da torneira e adoçada com sal, seus pais resolveram pedir para o  menino ajudar apenas guardando seus brinquedos depois de brincar.
     Entretanto algo havia se modificado na personalidade de Adolfinho. Ele gostava de ajudar. Se sentia importante. Assim, continuou "ajudando" em casa mesmo sem a solicitação parental e, como começou a ser repreendido, passou a fazer suas boas ações escondido. Desta forma, alguns documentos que estavam sobre a mesa foram amassados e jogados no lixo, colheres lambidas e devolvidas as gavetas, pias limpas com escovas de dentes.
     Algum tempo depois o chefe do pai de Adolfinho o convidou para jogar baralho em sua casa. Após muitas recomendações de comportamento no carro chegaram e os adultos iniciaram o jogo. Adolfinho leu as revistinhas e brincou com os bonecos que havia levado, assistiu desenhos e logo se entediou. Saiu brincando de explorador pela casa e, como o planeta visitado possuía fauna muito hostil, prossegui em silêncio se esgueirando pelos cantos sem ser visto pelos gigantes com mãos achatadas que se reuníam em um ritual tribal na sala. A brincadeira o levou ao banheiro e seus olhos brilharam quando ele viu o cesto de roupa suja quase transbordando...
     Finalizado o jogo os adultos agora procuravam por Adolfinho e, ao abrir a porta do banheiro, o viram colocar o último vidro de shampoo no vaso onde as roupas estavam de molho. 

sábado, 24 de novembro de 2012

Por quê(m)?

Quantas vezes justificamos nossas escolhas e ações pelo bem de outra pessoa. Quantas delas de fato serão verdade? Quais serão na verdade decisões tomadas em meu benefício e somente banhadas em altruísmo? Nem sempre é fácil perceber. Muitas vezes estamos inconscientemente escondendo nossos medos atrás do bem fazer ao outro.

A opressão do self

Espero que a Karina não tenha esquecido seu lanchinho Foi preparado com amor e carinho Nesse cotidiano cada vez mais mesquinho É preciso um ...