quarta-feira, 27 de junho de 2012

Por que eu demoro no banho

     Se eu bem me lembro das aulas de geografia, a proporção é mais ou menos essa: de toda a água na Terra, 97% é salgada, 2% estão nas calotas polares e 1% estaria nos lagos e rios, sendo esta fração a apropriada para consumo humano. É provável que também venha de alguma dessas aulas a verdade incoveniente do aumento global da temperatura provocado pelos gases estufa, que modificam climas e derretem as tais calotas polares, alterando de maneiras variadas diversos ecossistemas e formas de vida, incluindo a humana. Existem outros exemplos, como a insustentabilidade do uso de combustíveis fósseis e sua poluição, mas acredito que já tenha sido possível captar a idéia (abro aqui um parêntese para agradecer meus professores de geografia, um abraço na família). É preciso preocupar-se com sua "marca" na Terra, ser menos poluente e mais sustentável, atuar pensando na gota e não no oceano, em reciclagem, não usar sacolas plásticas...
     Apesar de conhecer esses conceitos e os achar louváveis, eu demoro no banho. E digo mais, por vezes tomo 3 ou 4 banhos em um dia, sem que isso signifique períodos mais curtos debaixo d'água. A razão básica para fazer isso é simples: eu gosto e pago minha conta de água e luz - sim, ainda é banho quente em muitas vezes. 
     É mais humanitário do que atropelar um morador de rua ou fechar um pobre companheiro de engarrafamentos, aos quais sou submetido em todos os dias (perto ou longe, atualmente em Belo Horizonte você sempre chega atrasado e correndo, não importa se você sai 1 hora antes para chegar a um destino a 5,3 km com estimativa de viagem de 10 minutos). É mais inteligente que brigar com a esposa sem razão só por estar nervoso, uma vez que você paga seus impostos e não são poucos: cerca de 30% do que trabalha na fonte, mais uma quantidade que desconheço embutida em tudo o que consome - e talvez para minha saúde mental seja melhor que eu não saiba mesmo - além de IPVA, DPVAT, IPTU...  para ser assediado quando vai a algum lugar e precisa parar o carro na rua, quando estraga seus pneus ou amortecedores trafegando em ruas e estradas sem condição, quando vê que a educação estatal básica em qualquer esfera produz na verdade analfabetos funcionais, além das farras e mais farras com o MEU dinheiro: estádio para o Corinthians, a lista de gastos mensais com comida para o staff da Roseana Sarney e os dinheiros em cuecas em geral. Enfim, quando penso nessas e outras situações similares, ao invés de colocar uma arma na minha cabeça, coloco a cabeça debaixo d'água - e, reforçando mais uma vez de forma pleonástica, pago por isso.
     Então, após esta introdução e pequeno desenvolvimento, chegamos ao ponto chave que deu origem a este texto: A recentemente finda Rio+20. Somente duas instituições internacionalmente reconhecidas por sua fraqueza em políticas externas, organização e capacidade de ação como a ONU e o governo brasileiro poderiam estar liderando tal movimento. Perdão, movimento implica em sair do lugar, mesmo que para trás, e talvez não seja o melhor termo para "aquilo" que aconteceu. Não que tenha sido uma surpresa. Era uma das pedras mais cantadas da história. O esvaziamento dos debates sem a presença das maiores potências do mundo, preocupadas com seus próprios umbigos sujos nesse "momento" de crise, e uma carta final que não define nada de concreto para que não seja ridicularizada por não ser respeitada depois (ECO 92, Kyoto, entre outros) foi o saldo final do evento. E tudo com o meu dinheiro. O dinheiro dos americanos e alemães não foi desperdiçado nesse teatro, foi possivelmente canalizado para resolução de problemas mais urgentes daquelas sociedades, e não usado na construção de uma passarela para pseudointelectuais profissionais ou de ocasião desfilarem sem deixar nada de saldo. 
     Assim convoco a você, de dread no cabelo e sandália de fibras nos pés (além de possivelmente maconha na cabeça), que acha ótimas campanhas do tipo "Faça xixi no banho" que circularam e circulam pelo país, que tem uma postura engajada, tentando convencer chateando amigos próximos e estranhos no ônibus a plantar uma árvore para amenizar o impacto dos gases estufa quando nascer alguém ou quando há a eliminação natural de metano pelo sistema gastrointestinal humano: faça algo realmente produtivo! Não é me irritando por tomar banho demorado que você vai conseguir resolver alguma coisa. A sociedade organizada deve optar pelo modelo de desenvolvimento que quer e pode custear, formar um governo baseado neste ideal e aí sim poderá ordenadamente chegar a algum lugar - mesmo que o lugar seja o consumo desordenado do meio ambiente. Não seja conivente com o gasto de dinheiro público sem uma finalidade prática. Te aguardo na banheira.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Diário da balança #2: 110(-5)

Osúltimosdiastemsidotranquilosdesdequefuiaomédicoecomeceiatomarummedicamentoparareduziroapetitepoisestavadifícildemanteradieta.Efeitoscolaterais?Nãosintonenhum,estouótimoemaisbemdisposto.Aestahorajálaveiobanheiro,prepareioalmoço,fizumrelatóriodotrabalhoeaspireiocarro.Agoraestoudescansandoenquantoescrevo.Adietaestápromissora.
Alexandre, o graaaaaaande.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sobre manhas e almofadas

Quando ainda era pequeno, com seus dois anos de idade, Adolfinho sofria de "desmaios programados". Era só ser contrariado de alguma forma e ele imediatamente perdia os sentidos, caindo ao solo. Bem, tecnicamente, caía à almofada. É, coincidentemente sempre havia uma almofada a amortecer sua queda. No entanto, na primeira vez que "desmaiou", ele realmente assustou sua mãe. Mas com a repetição de suas síncopes ela acabou se acostumando. E um dia, cansada das atuações, ela aplicou o melhor remédio contra desmaios já inventado: puxou a almofada logo antes dele cair.

A opressão do self

Espero que a Karina não tenha esquecido seu lanchinho Foi preparado com amor e carinho Nesse cotidiano cada vez mais mesquinho É preciso um ...