sábado, 23 de março de 2013

Diário da balança #6: 112(-3)


Após alguns contratempos com a dieta resolvi voltar ao endocrinologista. Havia ficado um pouco receoso depois de ter delírios persecutórios e me juntado a uma seita apocalíptica enquanto tomava um medicamento para reduzir o apetite - que provavelmente tinha por base cocaína ou veneno de rato. Após uma avaliação inicial recebi como um dejà vu as usuais recomendações de moderação alimentar e prática de atividade física regular. Convenhamos: se eu comesse o que gosto com moderação e levantasse meu traseiro gordo da poltrona carcomida onde usualmente ele repousa não teria gasto com médicos e remédios o mesmo que a Roseana com comida para seu staff. Enfim, no final da consulta ele recomendou o uso de Orlistat, um medicamento para reduzir peso sem efeitos sobre o apetite. Até funcionou com o peso mas qualquer medicação que contenha na bula dizeres como urgência fecal, flatulência com evacuação ou incontinência fecal devia vir com um pacote de fraldas e óculos com nariz postiço grátis para evitar futuros embaraços.
                                                                                         Alexandre, o graaaaaaaande.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Notícias populares

"No centro de Belo Horizonte foram vistos grandes ratos perambulando entre os carros. Segundo populares, um ônibus capotou após atropelar um desses animais. Três passageiros foram encaminhados ao pronto socorro. O roedor passa bem."
Por Salvador Patranha para o Diário da InVerdade

sábado, 16 de março de 2013

Sobre declarações e relacionamentos

     Adolfinho estava com um problema: uma menina da sua rua gostava dele. Tudo começou em um aniversário de outra criança da vizinhança quando Paloma o viu pela primeira vez. Para onde ele fosse ela ia atrás carregando uma boneca com cheiro de morango. A brincadeira que ele começava ela queria participar. Ele foi ficando nervoso e resolveu se esconder por um tempo. Entrou no banheiro e lá ficou por cerca de uma hora - o que para crianças é quase uma eternidade - ouvindo os gritos e comemorações dos que brincavam lá fora. Passado este tempo resolveu sair. Abriu a porta devagar olhando pela fresta para tentar identificá-la antes de ser visto. Com o campo livre saiu e deu de cara com ela que o esperava atrás da porta e disse com um sorriso banguela #Tô qui pelano ochê!# 
     Depois dessa festa a vida social de Adolfinho se complicou. Em todas as brincadeiras com as crianças da rua ele encontrava com ela que não desgrudava dele. Chegou a receber uma cartinha dela (que para ele foi mais como uma ameaça de morte). E sua mãe sempre os vendo juntos achou que uma grande amizade se formava. Acabou ficando amiga da mãe da menina, indo toda semana conversar com ela, enquanto as crianças brincavam - leia-se Adolfinho corria e Paloma com sua boneca iam atrás. 
     O cúmulo para o menino foi quando no início do ano seguinte, ao chegar na escolinha, deu de cara com ela e sua mãe, que a havia mudado de escola para ficar na sala do amiguinho. Agora ele não tinha paz. Sua professora foi informada pelas mães da amizade e colocava os dois juntos para todas atividades, de mãos dadas nas filas para deslocamentos dentro da escola, para lanchar juntos e etc. Conformado Adolfinho não resistia mais. Já até tinha um pouco de cheiro de morango também. Fazia o que tinha de fazer com Paloma esperando uma brecha na atenção dela para escapar e brincar livremente. E em uma dessas escapadas se meteu em uma enrascada. Dois meninos da série acima de Adolfinho resolveram tomar seu brinquedo e ele preso em um canto resistia. Foi quando Paloma apareceu e acertou os meninos com sua boneca os espantando. E Adolfinho começou a enxergar os prós da sua relação. 

sábado, 2 de março de 2013

348


Estava chegando o dia de seu aniversário e o menino estava ansioso. Sua mãe havia prometido uma grande festa. E era apenas esse seu assunto. Um dia, ao pe do sofá do avô ele perguntou #Vô, o senhor vai na minha festa?# Eventos sociais não eram exatamente seu forte, então o avô com seu jeito brincalhão distraiu o neto e evitou a resposta. Nesta época ele passava por suas dificuldades e ainda não havia encontrado a trilha para sua dúzia de passos. No dia do aniversário o menino esperava ansioso a chegada dos convidados. Das crianças pelas brincadeiras. Dos adultos mais pelos presentes. Mas nesse dia algo mudou nesta forma de sentir/pensar. Seu avô não chegou a tempo de cantar parabéns. A bem da verdade, no final da festa ele ainda não havia chegado. O menino ficou triste como se uma das crianças que ele aguardava para brincar tivesse faltado. E antes de dormir, já na cama, sua mãe entregou uma nota de dez mil cruzados e disse #Esse é o presente do vovô. Ele não apareceu porque machucou a cabeça no carro quando vinha pra cá, mas está tudo bem. Amanhã vamos vê-lo.#

A opressão do self

Espero que a Karina não tenha esquecido seu lanchinho Foi preparado com amor e carinho Nesse cotidiano cada vez mais mesquinho É preciso um ...