No fim da tarde, no alto da escada
vejo meu apartamento – tem alguém em casa?
coloco a carteira na cômoda empoeirada
tiro os sapatos que são como andar em brasa
É preciso conhecer a dor pra sentir alívio?
Na cozinha a despensa está vazia
como qualquer coisa que sobrou na geladeira
pratos e talheres empilhados sobre a pia
ajeito os ímãs espalhados de qualquer maneira
É preciso a fome pra impulsionar desejos?
A noite em minha casa é muito tranquila
A noite em minha casa penso em minha vida
Tarde da noite com o céu escuro
fecho todas as janelas – não vejo ninguém por elas
ao deitar, depois que me cubro
tento levar adiante, sem vento, meu barco a vela
É preciso insegurança pra se ter esperança?
A noite em minha casa é muito tranquila
A noite em minha casa penso em minha vida.