segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Quarto de irmã


Ao primeiro olhar o quarto pode parecer pouco convidativo, confuso, sem padrão de organização. Mas o que é um padrão de organização senão o fato da gente gostar do jeito da nossa própria desordem. Bem ao lado da porta, logo ao entrar, há uma penteadeira com um enorme espelho a desafiar quem entra a olhar para si mesmo. O rack da TV e DVD, todos com uma grande folha corrida, seguem com seus préstimos a exibir constantemente séries cômicas variadas colorindo o quarto. Em outras épocas estavam sempre sintonizados em sizudos jornais que fechavam um pouco o ambiente. O armário sempre tem uma ou mais portas abertas, expondo seu interior um pouco a quem chega. Roupas, livros, bolsas, vídeos, sapatos e badulaques. A nova/velha cama lembrando que oportunidades e sonhos por vezes podem ser aproveitados se um pouco adaptados. E sempre com um edredon casualmente desarrumado por cima nos lembra onde fica a "Pedra do Rei". Sua escrivaninha com o computador, CDs, DVDs, livros, contas, lembretes de afazeres domésticos, post its com assuntos de trabalho, fotos, cartões postais, correspondências antigas, vários lápis vermelhos, uma grande edição sobre a vida e obra de Dali evidencia parte de sua complexidade. O vaso de flores desenhado a giz de cera na parede, em um ato que beira a liberdade infantil, colocado ao lado de sua janela com grades. Uma bandeja que recolhe a água que teima em pingar e desníveis no assoalho simbolizam o inexorável passar do tempo. Passar de quartos. Quarto que tinha um aquário, muitas vezes vazio(a). Quarto que tinha um belo móvel com som moderno, TV grande e DVD - independente. Quarto azul com a moça do violino presa na parede e um futon improvisado, dolorida fuga. Quarto de agora, memória viva de sua vivência. Quarto que nos faz sentir em casa no mais acolhedor sentido da palavra.

Um comentário:

  1. quarto acolhedor só se sente preenchido pelo amor em seu estado mais puro: amor de irmão.

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