sábado, 28 de janeiro de 2012

Sobre hérois e calções de banho

     Toda sexta-feira a escola de Adolfinho deixava que os alunos levassem um brinquedo e os deixava interagindo com "coleguinhas" de todas as classes da mesma série no último horário. E para a última sexta-feira do ano havia uma prgramação especial: eles iriam à piscina! Por toda a semana a mãe de Adolfinho tentou em vão convencer o filho a não usar seu calção de banho favorito - subentende-se: velho. Ele tinha várias bolinhas coloridas sobre um fundo verde-limão, muito discreto. É provável que alguma linha de teoria do cuidado infantil tenha influenciado sua mãe quando ela escolheu esta sunga (i.e. a criança se torna visível e identificável até 1000 metros de distância). 
     Fato é que ao se arrumar para ir a escola Adolfinho quis já ir usando o calção como cueca para aula. Percebendo a impossibilidade de fazê-lo usar outra peça sua mãe consentiu. Ele estava radiante. Se sentia confiante com seu calção que o acompanhara em tantas aventuras imaginárias em clubes e praias. O problema é que o elástico já havia passado do seu melhor momento e ao andar começava a cair. Adolfinho precisou até entrar no banheiro na hora do recreio para resgatá-lo de suas pernas. E passou a ficar temeroso de que ao entrar na piscina seu calção saísse na frente de todos. 
     Durante a brincadeira na área da piscina ele ficou próximo ao muro, sem querer entrar na água. Triste por não aproveitar a situação tão esperada Adolfinho abriu sua mochila em busca de uma revistinha para ler. Neste momento ele viu na sua "mochila de utilidades" a ferramenta que liberaria o herói aprisionado: o grampeador.

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