Osvaldo
tinha 42 anos e havia acabado de se separar da esposa. Nunca antes precisou
cuidar de afazeres de casa. Primeiro a mãe, depois a esposa se encarregaram
disso. Funcionário de um banco, zagueiro firme nas peladas e possuidor de
opiniões firmes sobre financiamento estatal a ONG´s, agora era apenas um homem
de meia idade perdido no corredor de frutas do supermercado confuso com duas
laranjas na mão sem saber o que fazer depois. Foi quando Helena ficou com pena
dele e veio em seu socorro.
-
Precisa de ajuda?
Ainda
um tanto perplexo ele demorou um pouco para responder. Em parte por se assustar
com a beleza de Helena. Mas também por ainda estar intrigado com o mistério em
suas mãos.
-
Como eu sei se a laranja está boa?
- Se
a casca tiver lisa e a laranja firme ela vai dar muito suco.
Era
um acontecimento inédito para Osvaldo. Ser abordado por uma bela mulher dessa
maneira. E melhor ainda - o ajudando em uma atividade
doméstica. Ela escolheu as laranjas e se ofereceu a continuarem as compras
juntos.
- As
folhas que estão amareladas, com pequenos furos e pontas queimadas estão
ruins.
Foram
conversando coisas sobre onde nasceram, qual faculdade frequentaram e até
descobriram algo em comum: filmes do Woody Allen e peteca. Uma pequena tensão
sexual foi crescendo entre eles e se tornou óbvia após a sugestão de Helena na
sessão de temperos.
-
Malagueta pra esquentar as coisas - era meu apelido na escola...
E
então não parou mais.
- Tem
que palpar os melões e sentir eles bem firmes.
-
Quando você passa a unha de leve no pêssego sente os pelinhos e o cheiro bom.
- A
cenoura tem que ser firme, com a superfície lisa e as médias são as
melhores.
Nessa hora ele teve certeza - Helena estava no ponto.